Olhar para a Igualdade: 27 de junho de 2019

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"Muitas cabeças levaram coronhadas naquela noite, muitas pessoas foram machucadas. Mas —não desistiram... persistiram. Foi assim que deu para ver que nada iria nos impedir naquele momento, e nem em qualquer momento no futuro."

~ Rudy, relembrando Stonewall. Em 28 de junho de 1969, a polícia realizou uma batida no bar gay Stonewall Inn, provocando o levante de Stonewall.


Da ONU: Em 2016 a ONU aprovou uma resolução que nomeou um Especialista Independente sobre proteção contra violência e discriminação por orientação sexual e identidade de gênero (OSIG) por um período de três anos. Entre as responsabilidades do mandato, o especialista deveria identificar as causas principais e aumentar a sensibilização sobre violência e discriminação, dialogar com atores envolvidos, e auxiliar com a implementação de medidas de direitos humanos para proteger as pessoas contra a violência e a discriminação por sexualidade, identidade de gênero e expressão de gênero. 

O mandato acabará este ano, a não ser que o Conselho de Direitos Humanos vote pela renovação. A renovação não está garantida  porque continua havendo vários Estados Membros que não apoiam o mandato. A organização ARC International publicou orientações claras que detalham o que o Especialista Independente tem realizado e os desafios que tem enfrentado por parte daqueles que fizeram resistência contra seu trabalho. As orientações argumentam que o mandato há de ser renovado. Observam que o Especialista Independente está em uma “posição ímpar” para ajudar a desenvolver normas de direitos humanos de uma maneira que considere as diferentes realidades das pessoas LGBTQ ao redor do mundo. 

Em seu relatório final ao Conselho de Direitos Humanos, o atual especialista, Victor Madrigal-Borloz, enfatizou o quanto ainda há a fazer:

“[I]nformações sobre as realidades vivenciadas por pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e diversas de gênero ao redor do mundo são, na melhor das hipóteses, incompletas e fragmentadas; em algumas áreas são inexistentes… [Isto] significa que na maioria dos contextos os formuladores de políticas estão tomando decisões às cegas, sobrando apenas ideias preconcebidas e preconceitos pessoais, ou preconceitos das pessoas ao seu redor.”

Em 3 de julho, um evento paralelo à 41ª sessão do Conselho de Direitos Humanos será realizado para discutir “Porque renovar o mandato do EI sobre OSIG?” com enfoque específico sobre identidade de gênero e direitos humanos. O evento está sendo realizado pelas organizações Asia Pacific Transgender Network, GATE, ILGA World, RFSL, e Transgender Europe.

O Escritório da Alta Comissária para os Direitos Humanos apresentará ao Conselho de Direitos Humanos o relatório “Diretos Humanos na Resposta ao HIV”—sobre a consulta de alto nível de dois dias de duração promovida em conjunto com o UNAIDS e que reuniu atores incluindo representantes dos Estados Membros, especialistas e representantes da sociedade civil. Os participantes discutiram desafios e melhores práticas com enfoque em questões regionais e subregionais. Resumindo algumas das ideias apresentadas, Dainius Pūras, o Relator Especial sobre o direito de todos a ter acesso aos padrões mais altos de saúde física e mental, observou que três medidas deveriam ser fortalecidas na resposta ao HIV: popularizar a participação, eliminar a discriminação, e utilizar dados.

Mais sobre a ONU

 

HIV, saúde e bem-estar: Pela primeira vez, a US Preventive Services Task Force(USPSTF), um painel independente de especialistas que analisam dados e fazem recomendações sobre questões de saúde, publicou no JAMA uma recomendação que pessoas HIV negativas com alto risco de contrair o HIV tomem PrEP para evitar a infecção. A USPSTF descreve como sendo de “alto risco” os gays e outros homens que fazem sexo com homens, as pessoas que fazem sexo sem preservativos, cujos parceiros sexuais não sabem sua condição sorológica quanto ao HIV, e usuários de drogas injetáveis.

No Reino Unido, Yusef Azad, da National AIDS Trust, argumentou que o Ensaio Clínico sobre o Impacto da PrEP, que começou em 2017, está sendo utilizado para “regular” o acesso à profilaxia.  O ensaio atingiu rapidamente a capacidade máxima de participantes e os serviços de saúde tiveram que recusar a participação de gays e bissexuais masculinos. Azad Alertou sobre a a impossibilidade de acessar a PrEP fora do ensaio de “violação dos direitos humanos”:

“Estamos sendo testemunhas do espetáculo miserável de vários setores do sistema de saúde se culpando uns aos outros por este fracasso.”

Um novo estudo publicado no Clinical Infectious Diseases mostrou que pessoas que tomam PrEP sofrem perda da densidade mineral óssea. Embora a maioria dos pacientes se recupere, o novo estudo sugeriu que adolescentes na faixa dos 15 aos 19 anos talvez não se recuperem totalmente.

O UNAIDS fez uma matéria sobre o trabalho da ONG chinesa Danlan Public Welfare, um grupo de advocacy e plataforma de recursos pelos direitos LGBT. O Danlan está utilizando sua ligação com o aplicativo de relacionamentos Blued para divulgar mensagens sobre HIV e informações sobre testagem e tratamento aos mais de 28 milhões usuários do aplicativo.

No Relatório Mensal de Morbidade e Mortalidade do CDC dos EUA, o CDC afirma que houve um aumento de quase 300% nas infecções por hepatite A , comparando o período de 2016 a 2018 com o período de 2013 a 2015,  associado à condição de estar sem moradia, uso de drogas, gays e outros homens que fazem sexo com homens, e contaminação alimentar. O CDC está aproveitando o Mês do Orgulho para chamar a atenção sobre os  surtos entre gays e bissexuais masculinos com informações para localizar serviços de vacinação

O programa da New Zealand AIDS Foundation chamado “Ending HIV”  (Acabando com o HIV) lançou uma nova campanha chamada Rules of a f*ckbuddy (Regras dos Parceiros de trepada). A campanha utiliza linguagem positiva sobre sexo para incentivar gays e outros homens que fazem sexo com homens a terem práticas sexuais mais seguras e a cuidarem da própria saúde sexual:

“Esta campanha é uma forma de inspirar conversas francas sobre a negociação da prevenção do HIV com parceiros de sexo (f***buddies), ao torná-las parte das regras que provavelmente já estejam estabelecendo para o relacionamento.”

Mais sobre HIV, saúde e bem-estar

 

Do mundo da política: No lançamento do WorldPride em Nova York, quase 100 autoridades eleitas do mundo inteiro lançaram a The Global Equality Caucus(Convenção Mundial pela Igualdade), uma rede internacional de parlamentares e representantes eleitos que objetiva enfrentar a discriminação contra as pessoas LGBT+. A Convenção esperar replicar o sucesso da Global TB Caucus (Convenção Mundial contra TB) trabalhando de maneira suprapartidária e formando parcerias com ONGs e organizações internacionais. Podem ser membros pessoas aliadas e legisladores/as LGBT+, grupos parlamentares, ministros/as, executivos/as nacionais/regionais, governadores/as e prefeitos/as. Confira o vídeo envolvente do lançamento! 

No Irã, um repórter alemão provocou um “alvoroço audível” quando perguntou para o ministro das relações exteriores, Mohammad Javad Zarif, por que os gays são executados no Irã. Segundo as transcrições, Zarif respondeu que a sociedade tem “princípios morais quanto ao comportamento das pessoas” e que a lei deve ser respeitada e obedecida. Também presente na coletiva de imprensa, o ministro das relações exteriores da Alemanha, Heiko Maas, deixou de comentar. Mais tarde, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha esclareceu: 

"Os direitos LGBTI são direitos humanos. E sempre foram. Em todos os lugares. Nenhuma tradição religiosa, cultural ou étnica justifica a perseguição pelo Estado, em especial a execução de homossexuais. No Irã e outros sete países do mundo, os homossexuais enfrentam a pena de morte. Isto é desumano e totalmente inaceitável."

Nos EUA, a Câmara dos Deputados aprovou uma emenda que acabaria com a proibição das pessoas trans nas forças armadas ao impedir o financiamento para esta medida. Não é a primeira fez que a Câmara tenta reverter a proibição. Contudo, a CNN e outras fontes noticiaram que a emenda provavelmente vá ser derrubada no Senado.

O governador de Porto Rico, Ricardo Rosselló, vetou um projeto de lei que teria permitido que funcionários públicos se recusassem a atender pessoas LGBT por motivo de objeção religiosa. Esperava-se que Rosselló fosse sancionar a lei que foi aprovada pelo Legislativo de Porto Rico, mas ele reconsiderou quando o astro do rock e gay assumido Ricky Martin divulgou uma carta aberta condenando a medida. 

No Vietnã, a proposta de Lei de Afirmação de Gênero não entrou na lista de projetos de leis a serem analisados pela Assembleia Nacional—segundo reportagem do South China Morning Post. Embora o Código Civil tenha sido revisado em 2015 para incluir o direito de mudar legalmente o gênero nos documentos oficiais, sem a regulamentação por lei os municípios interpretem o código de forma diferente—às vezes impedindo que as pessoas obtenham qualquer reconhecimento legal.

Guatemala elegeu como deputado federal o ativista Aldo Iván Dávila Morales—o primeiro gay declarado com HIV a ocupar o cargo. Sandra Morán, a primeira deputada lésbica, foi eleita em 2015.

Agora que terminaram as eleições para o Parlamento Europeu, a ILGA-Europa anunciou que foram eleitos/as 215 dos/das 1.650 candidatos/as que assinaram o compromisso “ComeOut” (Assuma) em prol dos direitos LGBTI. A ILGA-Europa ofereceu uma lista de medidas concretas que os/as novos/as parlamentares, que representam oito grupos políticos diferentes, podem tomar para começar a cumprir o compromisso.

A organização Human Dignity Trust divulgou um novo relatório que examina o impacto de leis contra o ódio a pessoas LGBT nos países da Comunidade das Nações (Commonwealth). O relatório analisa a atual legislação contra crimes de ódio e faz recomendações sobre como os governos podem utilizar a legislação para enfrentar a violência motivada por preconceito na sociedade.

Nos EUA, o Legislativo do estado de Nova York proibiu a estratégia jurídica conhecida como o “pânico gay/transgênero”—a ideia de que alguém pudesse matar uma pessoa LGBT por estar em estado temporário de insanidade provocado por investidas sexuais indesejadas. Nova York é o sétimo estado a proibir esta prática. Na Austrália, o estado da Austrália do Sul apresentou um projeto de lei para retirar a defesa do “pânico gay” do código penal até 2020—todos os demais estados australianos já a proibiram. 

Mais sobre o Mundo da política

 

A política e o casamento: Por cinco votos a quatro, a Corte Constitucional do Equador decidiu a favor do casamento igualitário. Já estava reconhecida no Equador a união civil entre casais do mesmo sexo, mas sem os mesmos direitos conferidos pelo casamento civil. Os juízes pediram para a Assembleia Nacional aprovar um projeto de lei para alterar a lei do casamento e garantir a igualdade de direitos de todas as pessoas. A CNN noticiou que a decisão vai permitir que os casais se casem antes da lei ser alterada.

Escrevendo para o Taiwan Insight, Mei-Nu Yu e Yiching Yang exploraram os três caminhos diferentes seguidos por ativistas e políticos para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo: o judiciário, o legislativo e o voto popular. 

Confira o informe abrangente do Pew Research Center sobre os avanços com o casamento igualitário  ao redor do mundo. 

Mais sobre a Política e o casamento

 

Que os tribunais decidam: O Supremo Tribunal Federal do Brasil decidiu que a homofobia e a transfobia devem ser criminalizadas.  Oito dos onze ministros votaram pela ampliação da atual legislação contra o racismo para incluir proteção para as pessoas LGBT+. O Estadão noticiou que a decisão cria disposições sobre a liberdade religiosa, desde que o discurso não incite a hostilidade ou a violência. Por exemplo, um padre pode falar que a homossexualidade é pecado, mas não pode defender a violência contra as pessoas LGBT.

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, falou para a imprensa que o STF estava “totalmente errado” e não deveria tomar medidas legislativas—segundo noticiou a AFP. Também repetiu o desejo de nomear um ministro evangélico para o STF para que este ficasse mais “equilibrado”.

Nos EUA, muitas pessoas contestaram a nomeação vitalícia do juiz Matthew Kacsmaryk para o Tribunal Distrital do Texas. A senadora republicana Susan Collins, que votou contra a nomeação, citou “o preconceito alarmante de Kacsmaryk contra os americanos LGBTQ e seu desrespeito para os precedentes da Suprema Corte”. A Bloomberg noticiou que 75 grupos de direitos humanos assinaram uma carta aberta ao Comitê Judiciário do Senado descrevendo Kacsmaryk como um ativista anti-LGBT. A  Vanity Fair também fez uma matéria sobre o histórico de Kacsmaryk de oposição aos direitos reprodutivos, incluindo o acesso à contracepção e ao aborto. 

Mais sobre os Tribunais

 

Sobre a religião: OThe Catholic Herald noticiou que a Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano publicará em breve mais um documento sobre gênero e a assim chamada “teoria de gênero”. Afirma que o documento terá textos mais aprofundados que os contidos no recém-publicado documento “Ele os criou macho e fêmea”—um guia que tem causado divisão por causa de suas posições negativas sobre as pessoas trans e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Nos EUA, o arcebispo católico de Indianápolis decretou que o Colégio Pré-Vestibular Jesuíta Brebeuf não será mais identificada pela arquidiocese como sendo uma instituição Católica porque os administradores do colégio se recusaram a demitir um professor que é casado com outro homem. Enquanto isso, na mesma cidade, o Colégio da Catedral optou por demitir um professor gay para ficar de bem com a arquidiocese. Os administradores do Colégio da Catedral disseram que foi uma “decisão angustiante”, mas que a arquidiocese deixou claro que se o professor fosse mantido, “resultaria na perda da nossa identidade católica”. O New Ways Ministry, que vem reunindo histórias de mais de 80 funcionários/as de instituições católicas que perderam o emprego por questões LGBTQ, elogiaram o colégio Jesuíta Brebeuf por escolher “o caminho da consciência, integridade e justiça”

No jornal Metro, no Reino UnidoAfshan D'souza-Lodhi escreveu sobre enfrentar o medo e encontrar uma parceira enquanto muçulmana queer:

“Para que eu possa encontrar o amor, tenho que me arrastar em meio aos homofóbicos e os islamofóbicos e os sexistas e os racistas, e então talvez eu encontre alguém que fique ao meu lado durante os protestos e enxugue meu rosto quando os intolerantes cuspirem em mim.”

Mais sobre a Religião

 

Ventos de mudança: Na Turquia, Lester Feder entrevistou Majid e Ahlam, duas pessoas que às escondidas ajudaram salvar pessoas LGBT do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (EIIS). Trabalhando com a Organização pela Liberdade das Mulheres no Iraque (OWFI), documentaram os relatos de pessoas LGBT e outras que foram torturadas. A OWFI espera que os relatos possam ser utilizados para acusar os líderes do EIIS de crimes de guerra pela perseguição de pessoas LGBT. A assessora jurídica, Lisa Davis, reconheceu que é improvável que estes crimes possam ser condenados no Iraque; no entanto, com a ajuda do Conselho de Segurança da ONU:

“Precisamos criar uma memória para que a história não esqueça o que acontece com as pessoas LGBT durante conflitos. O que queremos fazer é mudar o discurso sobre os crimes contra LGBT mundialmente.”

O autor Nathaniel Frank explorou a pergunta: o movimento LGBT moderno deveria buscar e celebrar o casamento igualitário? O debate, explicou o autor, surge de uma ideia que o movimento LGBT deveria “descartar normas repressivas” em vez de tentar assimilar as normas codificadas por brancos cisgêneros abastados. No entanto, Frank argumentou que—além de permitir o acesso por pessoas LGBT nos EUA a mais de mil benefícios exclusivos ao casamento—o ativismo também “ajudou a modificar atitudes repressivas acerca do sexo” para que apoiassem o movimento pelos direitos reprodutivos e desafiassem as normas quanto a expectativas relacionadas ao gênero. 

Um estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou que a legalização do casamento nos EUA de fato acelerou uma redução no preconceito contra LGBT. No entanto, os pesquisadores ofereceram uma ressalva—nos estados dos EUA que não legalizaram o casamento por conta própria e sim por causa da decisão da Suprema Corte, houve uma reação negativa, com "aumento do preconceito contra LGBT". Os pesquisadores observaram que o impacto da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo sobre o preconceito contra LGBTQ em outros países permanece sendo desconhecido. 

O ativista nigeriano, Olumide Femi Makanjuola, deu entrevista para o Business Insider sobre a luta em prol das mulheres e das pessoas LGBTQ. Refletindo sobre a Lei de Proibição do Casamento entre Pessoas do Mesmo Sexo na Nigéria, Makanjuola enfatizou que nem todas as pessoas LGBT querem casar. Em vez disso, as pessoas precisam de políticas que promovam inclusão e aceitação. 

A ativista trans italiana Daniela Lourdes Falanga falou sobre fugir das expectativas de que—como o único ‘filho’ do seu pai—ela teria que assumir os negócios criminosos da família. Em vez disso, Falanga canalizou seus esforços para apoiar as pessoas mais marginalizadas, em especial pessoas trans profissionais do sexo e presidiários. Confira o vídeo da fala dela (TEDx Talk)

No México, Grecia Herrera falou sobre dirigir a organização sem fins lucrativos, Respettrans Chihuahua,  que fornece abrigo temporário a migrantes trans que querem buscar asilo nos EUA. Herrera disse que o que a motivou a fundar o grupo foi a notícia de que uma mulher trans—Roxsana Hernandez—morreu em uma unidade de detenção de imigrantes nos EUA.

Mais sobre Ventos de mudança

 

Medo e ódio: Nos EUA, a Associação Americana de Medicina (AMA) divulgou uma alerta informando que há uma “epidemia de violência contra a comunidade de transgêneros” que sobretudo tem como alvo as mulheres trans de cor. A AMA adotou uma política para enfrentar a epidemia que inclui parcerias com outras associações de medicina, órgãos legislativos e a polícia.  Segundo a ONG Human Rights Campaignpelo menos 10 pessoas conhecidas por serem trans foram assassinadas em 2019. Zoe Spears, umas das  mulheres trans negras assassinadas mais recentemente, foi identifica pela ativista e amiga trans, Ruby Corado. Enquanto dirigente de um centro comunitário, Corado testemunha a violência contra as pessoas trans com frequência e se preocupa com um ar de impunidade acerca dos crimes.

A autora Masha Green explorou por que as pessoas LGBT optam por permanecer na Rússia apesar do clima de medo incentivado por leis restritivas que punem “propaganda gay”. Em seu artigo no New Yorker, refletiu que ter filhos e uma família têm levado as pessoas a ficarem,  mesmo quando o governo ameaça tirar os filhos delas.

BBC News Arabic divulgou dados coletados pela rede de pesquisa Arab Barometersobre as opiniões a população árabe a respeito de uma gama de assuntos. Um dos achados de uma enquete com mais de 25 mil pessoas em dez países e nos territórios palestinos foi que a aceitação da homossexualidade varia muito—na Jordânia, na Tunísia, no Líbano e na Palestina, a aceitação variou entre 5 e 7%, enquanto os argelinos (26%), os marroquinos (21%) e os sudaneses (17%) mostraram mais aceitação. 

A ONG Human Rights Watch (HRW) e a Fundação Árabe por Liberdades e Igualdade (AFE) lançaram um novo vídeo em resposta aos mitos e estereótipos que existem acerca das pessoas LGBT. Algumas das pessoas no vídeo falaram para a HRW sobre como tais mitos tiveram impacto em suas vidas. 

Mais sobre Medo e ódio

 

Em marcha: Em São Paulo, Brasil, os organizadores afirmam que mais de 3 milhões de pessoas participaram da 23ª Parada anual do Orgulho LGBTI+, celebrando tanto os “50 Anos de Stonewall” quanto a decisão do Supremo Tribunal Federal que criminaliza a homofobia e a transfobia.

Em Tbilisi, Geórgia, os organizadores da “Marcha pela Dignidade” resolveram adiar a primeira marcha do Orgulho da cidade. O evento seria a culminação de uma semana de atividades realizadas com sucesso para sensibilizar sobre questões LGBT.  Contudo, na véspera da marcha, a polícia utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha contra uma multidão não relacionada. Os organizadores, que já receberam ameaças de morte, temiam que as tensões estivessem acirradas demais para poder garantir a segurança dos participantes.

Em Kiev, Ucrânia, mais de 8 mil pessoas participaram da Marcha do Orgulho que, segundo a AFP, foi a maior realizada até agora no país. Um grupo de veteranos militares se juntou à marcha, dizendo que estavam ali para ajudar a proteger os participantes contra manifestantes anti-LGBT que também estavam presentes. 

Em Amritsar, Índia, um grupo de adolescentes organizou a primeira marcha do Orgulho da cidade. Os adolescentes esperavam que o evento fosse uma “evolução” para romper o ciclo de isolamento enfrentado pelas pessoas LGBT da cidade. No entanto, conforme descrito pelo The Times of India, o público ficou mais “perplexo” e descontente depois de pesquisar no Google sobre o significado do arco-íris. 

Em Surrey, Canadá, a Real Polícia Montada do Canadá fez uma apresentação e, pela primeira vez, hasteou uma bandeira do arco-íris para comemorar o Orgulho. Durante o evento uma “cena caótica e irada” irrompeu—segundo reportagem da CBC—entre aliadas da causa LGBT e manifestantes opositores. As tensões andam acirradas na área desde que começaram a ser realizadas manifestações a favor e contra o currículo sobre Orientação Sexual e Identidade de Gênero (SOGI 123)  da província.

Nos EUA, funcionários/as LGBTQ+ da Google divulgaram uma carta aberta aos organizadores do evento do Orgulho de San Francisco Pride, pedindo para retirar o patrocínio da Google. Os/as funcionários/as ficaram frustrados/as com algumas políticas da empresa, em especial por permitir bullying e discursos de ódio no YouTube (da propriedade da Google). Em entrevista para The Verge, funcionários/as afirmaram que alguns foram perseguidos por terem reclamado publicamente. A Google emitiu um memorando interno proibindo os/as funcionários de participar do Orgulho junto com o grupo Google caso quisessem "expressar uma mensagem  contraditória à mensagem expressada pela Google"—por exemplo, protestando contra a política da empresa—segundo reportagem do Daily Beast.

Mais sobre Em marcha 

 

Esportes e Cultura: A celebridade trans assumida, autora famosa, produtora de TV e ativista, Janet Mock, assinou um contrato de três anos valendo vários milhões de dólares com a Netflix para produzir projetos para a televisão e filmes de longa-metragem. Mock será a primeira mulher trans assumida a “tomar as decisões criativas numa grande empresa criadora de conteúdos”.  Mock também é produtora e escritora para a série dramática premiada de TV chamada “Pose” que acabou de ser renovada por uma terceira temporada e conta a história de pessoas LGBTQ—interpretadas por atores/atrizes LGBTQ assumidos/as—que viviam na Cidade de Nova York no alvorecer da crise da aids. Ao descrever o impacto da série, o produtor executivo Ryan Murphy prometeu:

“Eu sinto que a história LGBTQ é tão importante, porém tão pouco documentado. Agora milhões de pessoas vão aprender sobre isso e vão ficar indignadas.”

O cineasta PJ Raval discutiu a respeito de seu filme “Call Her Ganda” sobre Jennifer Laude, uma mulher trans morta por um fuzileiro naval dos EUA nas Filipinas em 2014. O filme estará disponível via PBS e a crítica Jennifer Lee observou:

“Vai despertar sentimentos de tristeza e frustração, sobretudo para as mães e os pais, quando os espectadores assistirem [a mãe] buscando implacavelmente a justiça pela morte de sua filha e só encontrando entraves intermináveis fim pelo caminho.” 

Escrevendo para o Moscow Times, o jornalista Pavel Lobkov relembrou a experiência de ter sido forçado a fazer terapia de conversão na adolescência.

Na China, o Sixth Tone entrevistou pessoas LGBT idosas que estão utilizando o recurso de vídeo livestream do aplicativo de relacionamento Blued para combater a solidão e se conectar com a comunidade.

A rede social Hornet explorou a história da “cultura Zine” LGBTQ—revistas autopublicadas de pequena circulação que proporcionam aos artistas a capacidade de compartilhar obras não censuradas com a comunidade. Mesmo tendo seu auge nos anos 1970 e 1980, hoje as zines queer continuam tendo sucesso com uma fonte de autenticidade e exploração. Como observou Adrian Lourie, editor-chefe da “meat”:

“Sem dúvida a zine é vista como um diferencial nas prateleiras de várias das livrarias LGBT cada vez menos numerosas.”

Na África do Sul, a Mamba Online lançou o episódio mais recente da série virtual WQMD (We’re Queer My Dear). (Somos queer querida) No episódio, o painel de atores, empreendedores e artistas discutem as experiências próprias de bullying. Os episódios anteriores exploraram aceitação, igualdade e intolerância religiosa. Confira!

Mais sobre Esportes e cultura


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